quarta-feira, 4 de março de 2015

Dilma faz lembrar Mitterrand

or: Alberto Carlos Almeida
brasfrancePor motivos lamentáveis, a França está muito presente na mídia. Radicais islâmicos sempre encontrarão um motivo para levar a cabo um ato terrorista. Desta vez, o motivo foi um conjunto de peças de humor que ofendem os que professam o islã. A lembrança intensiva da França nos remete a um episódio histórico de grande importância, bem diferente do atual, porém muito semelhante ao que acontece no Brasil hoje. Não há no horizonte brasileiro, por enquanto, ameaça terrorista. Não temos uma minoria islâmica, muito menos grupos que não tenham sido incorporados pelo “ser brasileiro” ou “tornar-se brasileiro”. Isso nos deixa distantes dos franceses. Por outro lado, política econômica todos os países têm, e inflexões de política econômica não são casos únicos no mundo.


François Mitterrand foi um dos maiores estadistas franceses. Sua trajetória política foi oposta ao que uma vez Winston Churchill eternizou na frase: “Quem não foi socialista até os 30 anos de idade não tem coração; quem não se tornou conservador depois dos 30 não tem cabeça”. Inicialmente conservador, Mitterrand fez parte da resistência francesa à ocupação alemã e passou uma parte significativa de sua vida política e parlamentar no Partido Comunista Francês. Como ministro do Interior do governo Pierre Mendès-France (1954-1955), ele teve que lidar com a guerra de independência da Argélia, quando declarou que a “Argélia é a França”. Os árabes, portanto, têm razão quando afirmam que estão hoje na França porque antes a França desembarcou em seus países. Mitterrand ficou sem mandato, saiu do Partido Comunista, entrou no Partido Socialista e tornou-se presidente em 1981. Na época, o mandato do presidente era de sete anos, com direito a reeleição. Algo inédito no mundo ocidental. Mitterrand foi eleito e reeleito, passando, portanto, 14 anos no Palácio do Eliseu. Lula ficou somente oito anos no Palácio do Planalto, assim como Dilma ficará somente isso. Caso Lula queira ser presidente do Brasil por mais tempo do que Mitterrand foi presidente da França, terá que ser eleito em 2018 e reeleito em 2022.

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