terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A reboque do calendário eleitoral

O QUE ESPERAR DE 2012 - meio&mensagem - 9 jan 2012. Comunicação Pública


Por Bob Vieira da Costa

            A cada dois anos, a agenda da comunicação pública, queiramos ou não, acaba sendo pautada pelo processo eleitoral. 2012 não será diferente: é o ano de eleições e deveremos ter, no primeiro semestre, no País todo (a exceção é o Distrito Federal, onde não há eleição para prefeito), mais campanhas institucionais e de prestação de contas das gestões que se encerram. No segundo semestre, o domínio será da campanha eleitoral propriamente dita.

            Não há dúvida de que temos um esgotamento e é aí que entra o bom desafio da comunicação pública, ou melhor, da comunicação de interesse público. O novo Brasil vem dando demonstração de que as coisas estão mudando de forma rápida e consistente. Há mais impaciência do cidadão, mais cobranças pela correta prestação dos serviços – principalmente daqueles de âmbito municipal -, mais cobrança dos direitos e deveres de cada um. Não se aceita a embromação, cobra-se do gestor público o provimento e correção dos serviços.

            É neste contexto que o ano de 2012 coloca para todos os profissionais de comunicação um “mar de oportunidades”. Uma das principais talvez seja a de mostrar que, com o apoio de uma verdadeira e efetiva comunicação de utilidade pública, o estado pode exercer essas suas funções mais plenamente e com mais qualidade. A oportunidade é fazer a prestação de contas com transparência, ressaltando os ganhos para o cidadão e não apenas “bater bumbo” para as obras dos governantes.

            Estou falando da oportunidade do desenvolvimento de campanhas de utilidade pública que mudam comportamentos dos cidadãos e melhoram a sua qualidade de vida. Campanhas de saúde que previnem doenças como a dengue e que estimulam comportamentos mais saudáveis; campanhas que educam, como na questão do trânsito, do lixo, entre tantas outras.



“Já ouve um significativo avanço nas licitações públicas de publicidade, em todas as esferas de governo. Foram mais de cem concorrências realizadas sob o manto da nova lei.”

            Vimos, ainda em 2011, uma das mais memoráveis, brilhantes e saudáveis iniciativas no campo da comunicação que foi a campanha “Brasil Sem Cigarro”, liderado pelo Dr. Drauzio Varella, no Fantástico, convencendo milhares de brasileiros a parar de fumar. Fosse essa uma campanha de responsabilidade de uma prefeitura, quantos milhares de cidadãos desta localidade poderiam olhar com melhores olhos a gestão de seu prefeito? Quem de nós não elogiou a iniciativa e a ousadia da Globo?

            Em 2012, a grave crise internacional poderá chegar aos mercados emergentes como o Brasil, levando a uma estagnação da economia. Até esta eventualidade pode ser considerada uma oportunidade. Será o momento de investir em campanhas de interesse público que ressaltem  o espírito empreendedor do povo brasileiro, melhorando a autoestima das pessoas e, consequentemente, fazendo a roda da economia girar, a exemplo do que ocorreu em 2008 e 2009, na última crise econômico-financeira.

            O brasileiro já demonstrou naquela ocasião, como em outras tantas, que consegue fazer do limão uma limonada. E se o governo tem os programas que oferecem crédito a custo baixo para as pessoas empreenderem, nada mais oportuno que divulga-los em campanhas que vão além da forma fácil de apenas dizer o que faz, mas incentivando de fato, reforçando a predisposição do povo brasileiro de ver uma eventual crise como oportunidade.

            O bom é saber que esta demanda pela comunicação de utilidade pública não acontece só nos anos eleitorais. Está crescendo ano a ano. O que destaco é que a oportunidade de 2012 apressa este processo, que está melhorando a passos largões desde a promulgação da lei nº 12.232, de contratação de publicidade no âmbito da administração pública.

            Ano passado foi a prova de fogo da nova lei de licitações, que tornou mais transparente a contratação das agências de publicidade, pôs fim aos pregões, institucionalizou o Cenp como órgão certificador do setor e consagrou o modelo brasileiro de agências completas. Ainda há desencontros e aprimoramentos se fazem necessários. Muitas prefeituras, por exemplo, desconhecem a fundo a nova legislação em vigor. Tal dificuldade aponta para a necessidade de um amplo trabalho de esclarecimento que pode ser feito por meio de encontros, treinamentos e seminários dedicados ao tema.

            Mas o que podemos constatar é que já ouve um significativo avanço nas licitações públicas de publicidade, em todas as esferas de governo. Foram mais de cem concorrências realizadas sob o manto da nova lei. Se o conteúdo da comunicação for de fato de interesse público, se as contratações forem mais transparentes e rígidas, o mercado viverá uma enorme mudança, com mais investimentos, mais players e mais oportunidades.

            Enfim, 2012 se anuncia como um ano importante para o mercado de comunicação brasileiro na medida em que exigirá, cada vez mais, criatividade, adaptação e, quem sabe, a consolidação da comunicação de interesse público em comunicação de interesse das pessoas. Afinal, são elas, as pessoas, as protagonistas e para quem devemos fazer a comunicação, seja de governos, seja de empresas.


Bob Vieira da Costa é sócio-diretor da Nova/SB

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A arte da gestão profissional

O QUE ESPERAR DE 2012 - meio&mensagem - 9 jan 2012. Gestão


Por Fernando Portella

A essência da gestão é integrar estratégia, processos, TI e pessoas nas dimensões operacional, financeira e mercadológica. Não são poucas as empresas que têm uma estratégia clara e bem definida, mas pecam na implementação, pois não apresentam (1) processos competitivos que suportem a operação na busca da visão estabelecida, (2) têm uma “colcha de retalhos” em TI e (3) não preparam seu pessoal para o ciclo de mudanças imposto pela dinâmica do mercado em que atuam.

            Não bastasse isso, há um descasamento de “timing” entre as dimensões operacional, financeira e mercadológica. Não basta querer mercado, tem de ter competência para conquistá-lo pela diferenciação na oferta e retê-lo com posição competitiva de custos. Costumo dizer que somente lucros constantes e crescentes preservam uma relação sustentada entre executivos e acionistas.

            O mercado é absoluto. Você tem ou não competência de participar dele. Acompanhe os concorrentes, mas não os siga necessariamente. Eles podem estar errados e você certo. Nunca se esqueça de que seu modelo de negócio só se tornará sustentável à medida que libera “free cash flow” suficiente para cumprir seus compromissos de (1) dividendos e (2) investimentos em crescimento e inovação. “Cash is king”, jamais esqueça isto.

“Não basta querer mercado, tem de ter competência para conquista-lo pela diferenciação na oferta e retê-lo com posição competitiva de custos”

            Não se iluda, às vezes os acionistas dão a você liberdade para investir / gastar, porém você, e só você, será o maior culpado se o retorno não aparecer. Retorno sobre o capital investido será sempre cobrado. A relação com os acionistas exige muita transparência e empatia. Na essência temos de gerenciar expectativas e ansiedades que sempre acompanham qualquer tipo de investidor estratégico e / ou financeiro. Quanto maior a empresa e mais complexa a estrutura de capital, mais importante torna-se a governança do modelo de negócio. Lembre-se, o modelo trabalha com stakeholders para gerar valor aos stockholders e não o inverso.

            Uma pausa para reflexão: não leve problemas aos acionistas e sim (1) um diagnóstico claro do desafio, (2) sua recomendação para solucioná-lo, (3) os resultados esperados com a sua recomendação e (4) um plano de ação para implantação da mesma (quem faz o que e até quando). Não se iluda: você pode ter a caneta, mas o tinteiro está com os acionistas. Use a exata quantidade de tina que lhe é dada, nem mais nem menos. Seus resultados é que vão lhe assegurar uma quantidade crescente. Mas não deixe de usar a tinta a você destinada, pois se não usá-la alguém irá fazê-lo.

            Liderança é obter grau de apoio a estratégia por você definida. Dentro desta premissa, (1) entenda sempre o modelo econômico e os fatores críticos de sucesso do negócio/setor que você dirige e (2) domine os números de sua área. Você tem de saber, “de bate-pronto”, os números que estão sob sua gestão. “Last but not least”, preserve sempre o brilho nos olhos (seu e de toda sua equipe).

            A mobilização do quadro de colaboradores é sempre fator crítico de sucesso. Desenvolva lideres/patronos da estratégia em todos os níveis da organização e assegure uma comunicação ampla e interativa. Encoraje a ascensão da estrutura funcional (visão por processos) sobre a formal (visão por organograma), quebrando a existência de “potenciais paradigmas e silos de poder”. Promova a cultura do feedback (feedback não se responde, se processa).

            Não há senso de comprometimento sem a construção de um sistema de medição crível e realista. Formule uma estratégia operacional alinhada com a dinâmica do seu segmento de atuação e assegure-se de que ela atinja toda a rede de inter-relacionamento. Defina métricas e indicadores de alto nível e crie conexão entre os objetivos “top down” com os planos de ação “botton down”. Respeite sempre os fundamentos econômicos e mercadológicos que suportam sua estratégia. Crescer é fundamental, mas o nível de endividamento, em um País onde os fundings estáveis de longo prazo são escassos, é fator crítico de sucesso. Mapeie potenciais aquisições e crie condições para efetuá-las. Promova constante fertilização interfuncional das competências-chave que permita maximizar o giro sobre a base instalada de ativos. Construa valor aos acionistas e à comunidade com a qual você interage.

            Use a tecnologia não apenas para melhorar eficiências localizadas. Integre os processos internos e promova uma verdadeira reengenharia tecnológica que comprima os ciclos produtivos e gere ganhos sustentáveis e permanentes de produtividade. Ouse, inove, mude as regras do mercado por meio do binômio tecnologia e pessoas.

            Reforce a cultura da meritocracia como forma de premiação. Para tanto promova o alinhamento das recompensas com os objetivos estratégicos e metas operacionais, financeiras e mercadológicas. Deixe claro seu compromisso com o desenvolvimento dos seus colaboradores. Identifique as habilidades críticas no seu contexto empresarial e desenhe uma estratégia de educação que alinhe a oferta com a demanda de habilidades críticas necessárias ao seu negócio, em todos os níveis da organização. Promova o engajamento de todos, utilizando a hierarquia funcional como força motora das mudanças necessárias. Crie a cultura do aprendizado global.

            No mais, tenha foco escolha suas batalhas e foque sempre no “Red Issue” (aquilo que está tirando seu  sono). Seu aprimoramento profissional deve ser constante. A experiência vai mostrar-lhe que não é importante saber todas as respostas (é impossível), mas é imprescindível saber todas as perguntas.

            Formação acadêmica é essencial. Não pare nunca de estudar, formal e informalmente. Estamos na Era do Conhecimento.

            Tenha “hobbies” e amigos fora do seu dia a dia de trabalho. Busque entreter-se com algo diferente. Construa “network” dentro e fora do setor que você atua (mais fora do que dentro). Coloque nas sua prioridades o objetivo de colaborar na construção de uma sociedade democrática, justa e distributiva.

Fernando Magalhães Portella é diretor-presidente da Jereissati Participações S.A.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Sete passos para se tornar mais produtivo

Começar o ano com resoluções para equilibrar a vida pessoal e profissional é fácil. Difícil é manter o pique durante o ano. Para garantir que 2012 pode (e deve) ser mesmo o ano para se chegar mais longe, o especialista Jeff Haden ofereceu sete dicas de como aumentar a produtividade pessoal a cada dia aos leitores da revista americana Inc.com.



1. Estou ocupado, hoje só amanhã Não há nada pior do que tentar se concentrar em uma tarefa e ser interrompido a cada cinco minutos. Interrupções acabam com a concentração e “matam” a produtividade. Portanto, avise aos colegas de trabalho que você está planejando um dia para cuidar de um certo projeto. Se você mantém contato com clientes, faça o mesmo – sempre com o cuidado de nomear alguém para cuidar de assuntos em caso de emergência. Libere sua agenda totalmente e diga que vai responder aos e-mails e ligações no dia seguinte. Além de se dedicar completamente ao projeto, existe o benefício de que ao tornar essa informação pública, você se sentirá obrigado a fazer isso em um dia.

2. Ter um objetivo é tudo Não planeje o seu dia para cuidar de um projeto baseado em métricas do tipo “vou trabalhar enquanto der” ou “não vou parar até me sentir bem produtivo”. Antes de se lançar ao projeto, calcule quanto tempo será necessário para finalizar a tarefa e aí, sim, faça sua programação. Se concluir que vai precisar de três dias, programe-se de acordo para equilibrar as outras tarefas, sempre lembrando-se de avisar sua equipe. Ao saber que vai trabalhar muitas horas, sua mente vai assimilar a informação e, com isso, o tempo passará rápido.

3. Trocando as horas Ao sair da rotina e mudar seu horário de trabalho, a sua perspectiva de tempo também vai se alterar. Começar às cinco horas ou às seis da tarde para varar a noite representa uma mudança que pode ser muito benéfica para abordar um projeto com uma nova perspectiva.

4. Eu mereço? Não, só depois
Aquilo que seus pais faziam quando você era criança, oferecendo prêmios somente depois de ver uma tarefa concluída pode ser uma boa maneira de começar o projeto. Digamos que você gosta de ouvir música enquanto trabalha. Experimente tirar a música ou ouvi-la por apenas duas horas. Assim, quando o seu entusiasmo estiver precisando de uma injeção de ânimo, você poderá ouvir música novamente e se sentir reenergizado. Quaisquer coisas que você use para animar seu dia, seja tomar um café mais demorado, deixe para (bem) depois. Assim, quando chegar a hora, você se sentirá realmente premiado.

5. Bateria se carrega antes de acabar a carga O princípio é o mesmo usado por atletas. Esperar para beber água até que a sede seja insuportável não é produtivo. O mesmo se aplica ao trabalho. Então, faça uma boquinha um pouco antes do horário habitual ou de sentir muita fome. Quanto às grandes refeições, é bom se planejar. Em vez de tirar uma hora para o almoço, prepare a comida com antecedência para que você possa parar e comer quando chegar a hora. Experimente também se alongar ou caminhar um pouco, após horas sentado na cadeira diante do computador. Com isso, o seu corpo não vai acusar o desconforto e não ficará tão dolorido, o que poderá diminuir sua motivação.

6. Quem faz paradinha é jogador de futebol Em vez de fazer intervalos, pense que eles também devem ser produtivos. O importante é manter o pique, o fluxo de trabalho. Nada de parar para assistir à TV ou navegar pela internet. Alguns minutos de inatividade são suficientes para quebrar o ciclo de trabalho produtivo. Os intervalos devem ser usados com atividades ligadas ao projeto. Por exemplo: anote o que você ainda tem que de fazer, quem precisa ser informado, etc. E volte a trabalhar.

7. Só acaba quando termina Parar de trabalhar porque você está cansado ou entediado pode ser negativo. Lembre-se que você é capaz de fazer muito mais do que imagina. Se a única coisa entre você e o trabalho pronto é falta de motivação, você precisa passar por essa barreira. Em um dia normal, é comum pensar “pronto, só consigo chegar até aqui”. Com o tempo, isso se transforma em hábito, o que pode acabar com suas chances de explorar mais seu potencial. Ir além é algo que todo mundo pode desenvolver. Vai doer? Sim, um pouco, mas ultrapassar limites vai te ajudar a se tornar mais produtivo a cada dia.

Fonte: Época Negócios