Parece uma contradição. Mas o fato é que uma série de empresas de produtos populares enfrentam dificuldades causadas pelo aumento de renda. Contradição? Nenhuma. Pura lógica que algumas empresas parecem não aceitar.
A recuperação de renda no Brasil tem que ser analisada por um aspecto complementar. Há anos dizemos que a propaganda brasileira está entre as melhores. É verdade. Falamos também que a TV brasileira está entre as melhores. Também é verdade. Relatamos que o mercado brasileiro, há mais de uma década, interessa para empresas de todo mundo. Outra verdade. Coloque tudo no caldeirão e fica fácil perceber que o consumidor brasileiro, vem sendo, há muito tempo, estimulado e tendo acesso a informações, imagens e marcas que modelam seu interesse. O que faltava a ele era o acesso e a capacidade de renda para comprar os produtos. Bem, a renda chegou. E aquela demanda (que prefiro chamar de emocional pois o acesso ao bem dá a percepção de ascensão e realização social) finalmente pode ser satisfeita. Assim, o consumidor não vai comprar mais do que ele sempre comprou. Vai buscar o que ele gostaria de comprar. Isso que parecia claro no caso da linha branca e de bens duráveis passou agora para os produtos de consumo, especialmente bebidas e alimentação.
Recentemente a revista Supermercado Moderno divulgou pesquisa sobre intenção de compra dos consumidores para o final do ano. As categorias com maior preço médio aumentaram em relação às categorias maduras e com preços populares. Pretende-se comprar mais uísques, vodkas, vinhos do que cerveja. Vinhos merecem um destaque. Imagina-se que as vendas de vinhos de preços muito baixos vão disparar, certo? Errado. Alguns fabricantes de produtos populares enfrentam problemas neste momento. Fazem um produto realmente barato. O consumidor agora, com mais renda, não quer mais o produto barato que não tem respaldo de imagem. Quer um produto percebido como melhor. E migram de marcas. Os reis dos produtos populares, alguns deles, apontam para queda de vendas neste momento. Outros devem seguir pelo mesmo caminho.
A velha regra de construir marca e gerar percepção de qualidade foi abandonada por muitas destas empresas. O consumidor não perdoa. A sede de buscar a camada C estabelecendo que a alternativa é apenas baixar preços é um desrespeito ao próprio consumidor. É como dizer que ele não merece boas marcas nem investimentos em posicionamento correto, criação de identidade e planejamentos de marketing de longo prazo. Tratar bem o consumidor não é baixar o preço. É elevar a imagem de marca propiciando a ele outros benefícios. Ele, também, não quer só comida e não quer só bebida.
Adalberto Viviani
Fonte: Meio e Mensagem Online, através do link: http://www.meioemensagem.com.br/home/marketing/ponto_de_vista/2011/10/17/A-classe-C-vai--s-compras.html acessado em: 26/10/2011
Foto retirada de: Portal Niterói
Nenhum comentário:
Postar um comentário